Estou de volta, yaaay! |
Nome de Publicação: As Crônicas de Nárnia
Autor: C.S. Lewis
ISBN: 9788578270698
Nº de Páginas: 752
Edição: 2ª
Editora: Martins Fontes
Sobre o Autor: Eu nem sei se sou qualificada o suficiente para falar de Lewis, e, assim mesmo, aqui estou eu a falar novamente, ao invés de colocar o link para a outra resenha que fiz de um de seus livros. Clive Staple Lewis era um renomado professor irlandês. Ele dava aula em Cambridge e era amicíssimo (adoro essa palavra) de Tolkien, o autor tão conhecido pela Terra Média. Os dois discutiam religião, seus livros de fantasia (Tolkien não gostou dos animais falantes de Nárnia). Lewis foi ateu durante um período de sua vida, mas se reencontrou no cristianismo em parte por suas reflexões, e também pela influência de seu amigo Tolkien. Ele escreveu livros de teologia que até hoje servem de referência nesse meio acadêmico, mas também escreveu uma trilogia de ficção científica, cujo primeiro livro eu já resenhei aqui, assim como outros livros de fantasia.
Sinopse: "Nos últimos 50 anos, 'As Crônicas de Nárnia' transcenderam o gênero da fantasia para se tornar parte do cânone da literatura clássica. Cada um dos sete livros é uma obra-prima, atraindo o leitor para um mundo em que a magia encontra a realidade, e o resultado é um mundo ficcional que tem fascinado gerações. Esta edição apresenta todas as sete crônicas integralmente, um único volume magnífico. Os livros são apresentados de acordo com a ordem de preferência de Lewis, cada capítulo com um ilustração do artista original, Pauline Baynes. Enganosamente simples e diretas, 'As Crônicas de Nárnia' continuam cativando os leitores com aventuras, personagens e fatos que falam a pessoas de todas as idades, mesmo 50 anos após terem sido publicadas pela primeira vez."
Período de leitura: Comecei a ler Nárnia ainda no ensino médio, um pouco antes de o primeiro filme ter sido lançado nos cinemas (olha eu entregando a idade, haha). Um estagiário nos propôs um projeto, e a escola adquiriu todos os sete volumes da obra. Comecei a ler pelo livro-título do primeiro filme e li mais uns dois ou três ao fim do terceiro ano do ensino médio. Depois disso foram muitos anos antes que eu lesse de novo a coleção. Ganhei essa edição, com o volume que abrange todos os sete livros e reli os que tinha lido, assim como li os novos. Logo, logo criei a tradição de ler a coleção ao menos uma vez por ano.
Resenha: CONTÉM SPOILERS!!
A história dessas coleções que estou resenhando nessa série especial de duas semanas são bem conhecidas. Por isso vou me ater a fazer comentários do que achei, mais do que me prender à história em si.
Como disse acima, leio Nárnia uma vez por ano. O livro foi feito para o público infantil e é cheio de referências à fé do autor. Toda a história é recheada de analogias, e a habilidade de descrição de Lewis faz com que a gente se sinta literalmente dentro da história.
Vou fazer um breve comentário de cada livro, pela ordem cronológica dos acontecimentos, não pela ordem de publicação.
O Sobrinho do Mago é um dos meus livros preferidos da série, se não é o mais. A história em si é bem simples, contando de onde surgiu o tio que será apresentado no segundo livro, o famoso O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa. A mais fantástica cena, para mim, é a descrição da criação de Nárnia. Aslam cria o mundo de Nárnia através da música, e na belíssima narrativa de Lewis podemos visualizar cada coisa surgindo e o cuidado que ele tem com sua criação.
O segundo livro, mais do que apresentar os quatro reis de Nárnia, as crianças Pevensie, existe uma belíssima história de perdão. Aslam não infringiu as leis para salvar Edmundo, mas cumpriu essas leis através de seu próprio sacrifício. Para aqueles familiares à história bíblica da morte e ressurreição de Jesus, as analogias são bem claras, durante todo o processo.
O terceiro livro, O Cavalo e Seu Menino, costuma ser bem criticado e é, de fato, o mais fraco da série, a meu ver. Talvez por ter sido muito corrido, a história fica sem a característica que mais gosto no autor, que é a narrativa detalhada e bonita. É evidente, porém, a evolução de cada um dos personagens desse livro. Uma coisa que ainda não falei, é o diálogo que Lewis tem com as crianças durante a leitura. É como se fossem informações importantes demais para os adultos saberem.
Logo depois vem mais um livro adaptado pelo cinema, O Príncipe Caspian. Por gostar muito desse livro, odiei a adaptação. A primeira adaptação não tinha sido boa, mas ao menos dava pra ver algumas semelhanças com a história do livro. Nesse filme acho que de comum só há o nome, porque foi realmente uma adaptação terrível, criando romances que não existiram e me fazendo perder de vez o encanto pelos filmes da série.
A Viagem do Peregrino da Alvorada também foi adaptado para os cinemas, e é uma história que eu gosto muito também. Ripchip, o ratinho mais legal que você vai conhecer em uma história infantil é uma parte importante da narrativa, mas o destaque vai mesmo para Eustáquio, o primo das crianças Pevensie. Ele é muito chato no começo do livro, mas assim como é de praxe nas histórias de Nárnia, ele também é transformado.
A Cadeira de Prata é um livro em que nenhuma das quatro crianças Pevensie aparece. Eustáquio está de volta, mas meu personagem preferido desse livro é o paulama Brejeiro. Na busca por Nárnia existe a maior concentração de trechos maravilhosos da coleção. Tão bonito, que copio aqui:
“Uma palavrinha, dona – disse ele, mancando de dor -, uma palavrinha: tudo o que disse é verdade. Sou um sujeito que gosta logo de saber tudo para enfrentar o pior com a melhorar cara possível. Não vou negar nada do que a senhora disse. Mas mesmo assim uma coisa ainda não foi falada. Vamos supor que nós sonhamos, ou inventamos, aquilo tudo – árvores, relva, sol, lua, estrela e até Aslam. Vamos supor que sonhamos: ora, nesse caso, as coisas inventadas parecem um bocado mais importantes do que as coisas reais. Vamos supor então que esta fossa, este seu reino, seja o único mundo existente. Pois, para mim, o seu mundo não basta. E vale pouco. E o que estou dizendo é engraçado, se a gente pensar bem. Somos apenas uns bebezinhos brincando, se é que a senhora tem razão, dona. Mas quatro crianças brincando podem construir um mundo de brinquedo que dá de dez a zero no seu mundo real. Por isso é que prefiro o mundo de brinquedo. Estou do lado de Aslam, mesmo que não haja Aslam. Quero viver como um narniano, mesmo que Nárnia não exista. Assim, agradecendo sensibilizado a sua ceia, se estes dois cavalheiros e a jovem dama estão prontos, estamos de saída para os caminhos da escuridão, onde passaremos nossas vidas procurando o Mundo de Cima. Não que as nossas vidas devam ser muito longas, certo; mas o prejuízo é pequeno se o mundo existente é um lugar tão chato como a senhora diz.”
Depois desse trecho, não consigo expressar em palavras o que esse livro transmite. Ele fala por si próprio. Está no meu top três dos livros de Nárnia.
E, por fim, temos A Última Batalha. Tenho a impressão de que Lewis escreveu o livro na intenção de que as crianças crescessem lendo cada um deles, nessa ordem cronológica. Digo isso porque esse é o livro mais maduro da série e onde, mais uma vez, Lúcia é o destaque.
Grande parte da dificuldade em ler esse livro é porque sabemos ser esse o fim da série. Todos sabemos como é difícil se despedir de personagens que já fazem parte de nossas vidas, né?
O livro é muito intenso, cheio de momentos de ação e outros momentos bem assustadores. Os capítulos finais são de fazer qualquer um perder o fôlego.
Nárnia termina e você fecha o livro tendo aquela sensação boa/horrível/maravilhosa de ter lido algo muito bom. Não queremos que acabe, mas sabemos que a história teve o fim que deveria ter.
Eu peço perdão por não ter detalhado tanto, mas, como disse, Nárnia é uma das minhas paixões. Amo cada letra, cada parágrafo que Lewis teve, como usual, a maestria de colocar no papel.
Se algum dia eu conseguir escrever um livro que seja um por cento tão bom quanto Nárnia, me sentiria realizada.
Boas leituras fantásticas,
Dani